JOVEM DO PASSADO

Como se nada pudesse mudar o que tinha de ser, fomos eu, meus sintomas e você. Um jovem velho, nascido no final dos anos mágicos de 80’, época de transição, fascínio, declínio e decadência. Todas as minhas raízes foram fincadas no passado que na verdade não me pertencia, mas era outra época, com outras tecnologias, e o que era bom chegava aos nossos ouvidos com anos de atraso, porém, nesse contexto, dava pra delirar um lance poético que separava os iniciados daqueles que viviam aos moldes da moda. “Punks não morreram “ diziam os mortos, um movimento com ideais necessários e com prazo limitado. Todos ali seriam devorados pelo capitalismo cruel, pela sede de consumo e pelo fôlego raso na construção das ideias. É um fracasso bíblico, aparentemente, como se essa construção começasse do meio e facilitasse a queda, todos nos rendemos em algum momento a facilidade de aceitar as coisas como são, sem choro, nem resistência, a propósito muito se fala em “resistência” , mas ninguém resiste, tampouco EXISTE. Sejamos corajosos para aceitarmos como somos, fracos, delirantes, altamente corajosos, até que nos provem o contrário. Entretanto, tem algo que nos é de direito e disso não abrimos mão, somos personagens muito bem construídos e com elos de ligação, adoramos aquilo que toca na alma, um belo riff, um belo verso, a coragem daqueles que admiramos, tudo isso conectado numa bela canção. Imaginação…essa é a nossa onda, sentir a verdadeira mensagem, captar com emoção, fazer tudo valer com valentia até que chegue a razão. Podemos construir muitas coisas e deixarmos como legado, podemos inclusive sermos os novos heróis, mas sempre seremos os jovens do passado.

O PILOTO E HERÓI!

 O piloto Ayrton Senna é o maior esportista do Brasil até hoje! Como piloto ele foi icônico. Nos anos 70 tínhamos James Hunt vs Niki lauda, opostos completos, mas que mostravam o que é fórmula 1 em sua essência. Uma mistura de egocentrismo, coragem, agressividade, vaidade e capacidade técnica de fazer acertos num carro. O Senna pra mim é a soma de ambos. Foi em sua época o cara que mais quis vencer, nunca desistia de lutar pela vitória, assumia todos os riscos, conseguia ser selvagem guiando, mas também sensível no trato com a máquina. Ele é um verdadeiro herói, justamente por ser um cara humano, do tipo que é quem sente que deve ser, sem nunca precisar ser um personagem bom. Chorava, gritava, brigava, lutava e normalmente vencia todos os seus oponentes. Foi um dominante, o primeiro dominador da F1. Depois dele surgiu o Schumacher, que também se tornou dominador, posteriormente Hamilton, e a história continua sendo escrita. Uma vez o Kurt Donald Cobain (nirvana) disse a seguinte frase: "morra jovem e permaneça belo"...Faz algum sentido, infelizmente Ayrton morreu, mas morreu sendo o melhor do seu tempo, morreu liderando uma corrida, guiando um carro difícil de guiar, bateu numa curva de alta velocidade e daí em diante se tornou imortal. Todo o talento do Senna ficou evidenciado em sua trajetória vitoriosa, foram vários recordes alcançados (na época), mostrou-se um gênio com sua icônica pilotagem na chuva, era quando as adversidades apareciam que ele mostrava seus poderes de um semi-deus. Foi o melhor momento desse esporte apaixonante e por isso Todos nós lembramos dele como belo, jovem e imbatível.

POR DENTRO DE TUDO.

 Quando os tempos são difíceis, eu sempre me mantenho quieto, calmo, singelamente incapaz de agredir o "alvo". Essa é minha reação evolutiva que me fez responsivo quanto às dúvidas que tenho sobre mim. Eu busco, encontro e soluciono minhas dores, porque só eu sei como fazer! Eu não divido o caos com ninguém! É apenas eu, um ponto insignificante no meio do todo, sem barulho, sem alardes, apenas uma busca pessoal para fazer ajustes na rota. Mas embora seja prático ou mesmo que pareça difícil de compreender é necessário que se diga : eu não estou pronto! E ficar pronto não é minha meta, nunca foi, é só evolução. Não se trata exatamente de seguir em frente, pois as pedras que ficam pelo caminho escondem ferramentas capazes de abrir portas no presente e futuro. A movimentação constante é essencial, mas não se trata de mover-se com a física do corpo e sim com a consciência. O universo é consciente e conversações acontecem para que o fluxo do saber se mantenha em ritmo. Todo passo dado tem sua soma e utilidade na silenciosa jornada de todos nós, ninguém ficou para trás, cada ferramenta no seu devido tempo e lugar. Eu deixei uma caixa inteira de ferramentas num lugar sagrado e sempre que preciso construir um novo caminho ou consertar algo quebrado eu apenas uso minhas próprias experiências.

MEUS MEIOS E MANIAS

 Eu, não vou parar! Nem poderia, mesmo com medo da queda do cristal, eu ainda sou o único que nunca te fez mal. Talvez tenha acertado diversas vezes no lugar errado, me perdoe por isso, sou caído mas ainda sou um anjo. Sou cheio de talentos que fazem o dia abrilhantar seus olhos, mas não tenho orgulho dos meus defeitos viciosos. Te fazer sorrir tem o mesmo valor de um verso irônico, taí uma mania, ganhar tempo sem usar dinheiro e merecer tua gratidão usando ironia. Boa menina, não lute sozinha contra seus pesadelos poderosos, fique comigo! Faça comigo o que sozinha seria demasiado triste. Sabe que existe um senhor do universo dando velocidade aos nossos passos? Me dê sua mão que eu te mostro como é enxergar de olhos fechados. Traga todos os seus problemas ansiosos, também traga coragem, daqui pra frente andaremos sobre as águas até chegarmos à margem. Concordo com a última despedida, mesmo sem saber o que faria, adoro o teu jeito frágil de pedir ajuda e agradecer colocando o dedo na ferida. Partir é bom quando se está acompanhado, pode partir meu coração, me faça chorar e depois jurar que não . O que mais me interessa é que seja você quem vai consertar, junte todas as peças, fale sorrindo e depois venha me abraçar.

ANDEI PENSANDO NO FIM

 É um ponto de referência que não garante acerto, é o caos anunciado, é o beijo apaixonado que nunca foi dado, é a dança na chuva que embora molhe...não apaga o fogo. Consigo ver a verdade escondida atrás de cada rosto, sinto gosto, sinto muito e ainda não sou capaz de mudar o meu ser. Certeza, nada é permanente, mas onde está a evolução? Onde está a decepção na permanência involutiva que nos sufoca? Se esse é o fim, me dêem mais tempo. Não quero ser traduzido em poucas palavras, também não quero ser o único a gritar sob os escombros do céu. Me seria útil aceitar todos e seus vícios, falhas e ego, mas não consigo! Me sinto absoluto, absolutamente só e com poucas boas chances de melhora. Porém, sempre existe um caminho que corta, machuca, te devora e cospe fora para que as leis do universo sejam respeitadas por nós.

 Andei pensando em falar de amor, fui vendo, ouvindo e vivendo...melhor falar  de guerra e da sensação de fim dos tempos. Vinte dias de amor ou vinte dias de quem realmente sou?   So soul!

POBRE CORAÇÃO

 Foi na infância de pés descalços que conheci a poesia e suas ironias, toda vez que olhava nos olhos do meu pai,l eu desejava ser igual no futuro, era pra mim o personagem perfeito, sempre assertivo, cheio de humor e talento para não demonstrar qualquer nuance de fraqueza emocional. Era meu desejo ser igual aquele general pobre de nascença, mas foi na juventude carregada de lamentos e tristeza que percebi o quão longe estava de ser forte. Meu pobre coração não suportava a pressão de ter que lutar o tempo todo contra tudo e contra todos. De vez enquanto eu me sentia quebrado por dentro, era fraqueza emocional talvez, mas de fato a realidade me gritava, me cuspia, me sufocava até a dor cair dos olhos, era uma triste poesia.

Ficar sozinho calado e sonhando era minha ilha, eu tinha a sacada perfeita dentro da minha cabeça, tudo ali dentro era super frágil mas se tudo corresse bem eu criava todas as pontes e meu próprio dialeto universal, pensar funcionava como uma armadura. Mas a realidade vinha feito um dragão cuspindo fogo e derretendo meu pobre coração, todas as vozes diziam que eu daria errado e eu apenas tinha o doce silêncio para me manter vivo. Também existia o tal futuro que tanto ouvia falar em músicas, quando me traduziram o futuro disseram que ele um dia chega, era mentira! Todos os anos se passaram e mesmo com a certeza imposta na minha infância de que seria um fracassado, quando não me deixavam correr eu andava, sujo e torto com o cheiro que as ruas me colocara, mas andava. O mundo quando bem quis me fez parar de andar e eu apenas pude rastejar como um miserável de bom coração. 

As vezes escuto vozes do passado, as mesmas que tratavam do futuro, agora percebo que se tratavam de gerações anteriores que sofreram tanto quanto eu para se manterem firmes, traduziram seus sonhos com a mesma ingenuidade que nos era comum. Isso não é saudável, tão pouco justo ter que lutar, resistir e não ter pra onde ir. Fizeram do mundo o pior lugar para os pobres e fracos. Eu só queria chegar na festa de cara limpa e com energia para ser feliz, mas tá foda.

ZONA DE GUERRA.

 No começo tomei um porre e fiz poesias, cantarolei, andei sozinho contando os passos e medindo o talento que tinha de abrir meu coração. Os dias foram turvos e frios, sem luz, nem vozes de estímulo. Ancorado no meio do meu vômito, percebi que em todas as veias do meu corpo ainda pulsavam sangue, era hora de corrigir o raciocínio. Sempre existe uma saída para declínios platônicos, mas de olhos vendados foi difícil de reparar. O que sempre me ocorria era que por conta das fibras emocionais emaranhadas dentro de mim, eu encontrei outro nível de percepção de quem eu era. Mas isso não justificaria o fim, nunca. Coisas desse tipo funcionam como um jogo, normalmente ganho, mas já perdi e me refiz parte por parte até que a frieza me tomasse. Funciona como um estudo psicológico onde sou aluno e professor, sou o Deus e o ingênuo ser humano. Todas as armas do jogo são dadas por mim e o território é neutro, nada de  escudos ou mecanismos de defesa, o risco é calculado por um calculista de emoções. O objetivo é quebrar corações em pedaços incontáveis, inclusive o meu próprio, até que o mergulho aconteça numa odisseia para o amor próprio. Quando o jogo entra em ondas de rádio e toca algo do tipo: ROXXANE (THE POLICE), me vejo cego, como quem assiste a si próprio. É nessa hora que meu sistema falha e coisas do coração acontecem, o que era invisível a terceiros passa a ser perceptível para qualquer um que esteja avulso. A falha no sistema é quase uma certeza, mas não tento evitar, daí o jogo passa a ser escrito automaticamente pelo destino (foda). O melhor disso é que depois de algum tempo os rascunhos voltam a ser escritos por mim como se fossem doses homeopáticas de aprendizagem, ou seja entro nessa para me entender melhor e provocar a melhor das sensações.